
Visão Global do Setor de Energia em 17 de Outubro de 2025: Novas Sanções, Mudança da Índia, Estoques Recordes de Gás, Desenvolvimento de Energias Renováveis e Resultados do Fórum "Semana Energética Russa 2025".
Em meados de outubro de 2025, o complexo de combustível e energia global apresenta uma situação relativamente estável, mas contraditória. Os preços do petróleo permanecem perto de mínimas de vários meses devido a um excesso de oferta esperado até o final do ano, no entanto, a tensão geopolítica não diminui. O confronto sancionatório entre a Rússia e o Ocidente continua a se intensificar - nesta semana, o Reino Unido impôs novas restrições contra grandes empresas de energia russas, enquanto os EUA convocam aliados a abandonarem totalmente a importação de recursos energéticos russos. Uma reviravolta inesperada foi a declaração da Índia sobre sua disposição de suspender as compras de petróleo russo, o que, se concretizado, reformulará significativamente os fluxos globais de petróleo. Ao mesmo tempo, a Europa se prepara para o inverno com estoques recordes de gás natural, garantindo estabilidade de preços no mercado de combustíveis, a menos que ocorram frios extremos. A transição energética global está se acelerando: investimentos recordes em energias renováveis estão sendo registrados, embora os recursos tradicionais ainda desempenhem papel fundamental como base de suporte do sistema. Na Rússia, medidas de emergência para estabilizar o mercado interno de combustíveis estão dando resultados - a escassez de gasolina está diminuindo, e os preços no atacado estão recuando dos picos, embora a situação em regiões remotas ainda demande atenção. No centro das discussões do setor está o recém-concluído fórum internacional "Semana Energética Russa 2025" (15-17 de outubro), onde os principais temas foram a garantia do mercado interno de recursos energéticos e a reorientação das exportações em novas condições sancionatórias. Abaixo, apresentamos uma visão detalhada das principais notícias e tendências dos setores de petróleo, gás, energia elétrica e recursos naturais em 17 de outubro de 2025.
Mercado de Petróleo: Pressão Sancionatória, Fator Indiano e Excesso de Oferta
Os preços globais do petróleo continuam em níveis baixos. A mistura bruta Brent está sendo comercializada em torno de $62 por barril, enquanto a americana WTI varia entre $58-59. Esses valores estão próximos das mínimas desde o início do verão, refletindo expectativas de superávit no mercado de petróleo no quarto trimestre. Mesmo uma breve alta nas cotações em setembro foi seguida por uma queda - os traders estão precificando um cenário no qual a oferta superará a demanda até o final do ano. No entanto, as últimas notícias introduzem novas variáveis no mercado de petróleo:
- Superávit e Demanda Moderada. O cartel de petróleo OPEP+ está mantendo uma política de aumento gradual da produção. Em reunião no dia 5 de outubro, os países-chave confirmaram um aumento na cota total a partir de novembro em cerca de +130 mil barris por dia, continuando a recuperação cautelosa de participações de mercado perdidas. Ao mesmo tempo, fora da OPEP, os volumes de produção estão aumentando - principalmente nos EUA e no Brasil, que se aproximam de níveis recordes. A demanda por petróleo está crescendo mais lentamente do que o previsto: a Agência Internacional de Energia, em seu relatório de outubro, revisou para baixo a previsão de aumento do consumo em 2025 para cerca de 0,7 milhão de barris/dia (em comparação com mais de 2 milhões em 2023), citando desaceleração das economias da Europa e da China e os efeitos dos preços altos anteriores. Como resultado, os estoques comerciais de petróleo no mundo estão aumentando, aumentando a pressão sobre os preços.
- Sanções e Geopolítica. As sanções ocidentais permanecem um fator crucial de incerteza. Em meados de outubro, o Reino Unido anunciou sanções contra as maiores empresas de petróleo e gás da Rússia (incluindo " Rosneft" e "Lukoil"), intensificando as restrições no setor. Washington está pressionando os parceiros a adotarem uma postura mais rigorosa - até mesmo um abandono total das compras de petróleo russo e fechamento de esquemas de contorno de sanções por meio da "frota fantasma" de petroleiros. Pressões adicionais sobre o setor de energia russo são geradas por riscos militares: aumentaram os ataques ucranianos com drones contra a infraestrutura petrolífera. Nesta semana, foram danificadas instalações nas regiões de Saratov e Bashkortostan, levando algumas refinarias a interromper suas operações. As autoridades russas anunciaram o adiamento de manutenções programadas em refinerias para saturar o mercado o máximo possível - essas medidas visam evitar a escassez de combustíveis tanto no mercado interno quanto externo. No conjunto, a pressão sancionatória e as ameaças militares aumentam a volatilidade: qualquer nova restrição ou evento imprevisto pode restringir a oferta disponível e provocar um salto nos preços.
- Reviravolta da Índia no Petróleo Russo. O maior importador de petróleo russo - Índia - sinaliza uma possível revisão de sua política energética. Segundo o presidente dos EUA, a liderança da Índia prometeu gradualmente interromper as compras de petróleo russo, cuja participação chegou a cerca de um terço das importações indianas. Embora Nova Déli afirme oficialmente que sua prioridade são os preços estáveis e fornecimentos confiáveis, o fato de discutir tal passo alarmou o mercado. Se a Índia realmente reduzir as importações da Rússia, a Rússia perderá um de seus principais compradores, o que exigirá redirecionar grandes volumes para outros mercados ou reduzir a produção. De um lado, a saída da Índia dos barris russos aumentará a pressão sobre as exportações da Rússia e pode intensificar os riscos orçamentários de Moscou. Por outro lado, o mercado global perderá um grande consumidor de matérias-primas russas: fornecedores concorrentes do Oriente Médio, África e América poderão substituir os volumes perdidos, o que a longo prazo redistribuirá os fluxos comerciais. Notícias da Índia temporariamente apoiaram as cotações do petróleo acima das mínimas recentes, já que os participantes do mercado esperam uma redução na oferta da Rússia. Analistas apontam que a combinação desses fatores geopolíticos não permitirá que os preços caiam muito abaixo dos níveis atuais - a marca de Brent em cerca de $60 por barril agora é vista como um "piso" do mercado, impedindo uma queda mais acentuada.
No geral, o mercado de petróleo está equilibrando entre a pressão de fatores fundamentais e riscos políticos. O excesso de oferta mantém os preços baixos, mas as sanções e possíveis rearranjos no mercado (como a saída da Índia do petróleo russo) impedem que as cotações caiam drasticamente. As empresas e investidores estão agindo com cautela, considerando a probabilidade de novas turbulências - desde o endurecimento do regime de sanções até o agravamento dos conflitos - embora o cenário base para os próximos meses preveja a manutenção de preços moderadamente baixos com excesso de petróleo no mercado global.
Gás Natural: Estoques Recordes, Preços Estáveis e Reorientação das Exportações
No mercado de gás, em meados do outono, as condições estão favoráveis aos consumidores, especialmente na Europa. A União Europeia entra na temporada de inverno com volumes recordes de estoques: os depósitos subterrâneos de gás na UE estão preenchidos em média em mais de 95% de sua capacidade máxima - significativamente acima dos níveis do ano passado. Graças ao clima ameno neste outono e ao alto fornecimento de gás natural liquefeito (GNL), os europeus conseguiram acumular os reservas necessárias de forma antecipada, sem compras panicadas. Os preços no atacado do gás permanecem em níveis relativamente baixos: o índice de referência TTF na Holanda estabilizou-se em torno de 30-35 € por MWh, o que é várias vezes inferior aos picos do outono de 2022. O risco de uma nova crise de gás semelhante à do ano passado diminuiu significativamente, embora isso dependa muito das condições climáticas no inverno e da estabilidade das entregas de GNL.
- Abandono da Europa ao Gás da RF. Os países da UE continuam na trajetória de redução da dependência do gás russo. As entregas diretas por tubulações da Rússia caíram para volumes mínimos e são mantidas apenas por alguns estados sob longos contratos (como a Hungria). Nos últimos dois anos, a participação da RF nas importações de gás da União Europeia caiu de cerca de 40% para menos de 15%. Em Bruxelas, discutem-se novas medidas: o 19º pacote de sanções da UE prevê a proibição das compras de GNL russo até 2026-2027, consolidando juridicamente a completa suspensão dos recursos energéticos da RF no médio prazo. Já agora, o principal recurso para a Europa é o GNL importado de vários países do mundo, além do aumento das entregas por tubulações da Noruega, do Norte da África e do Azerbaijão.
- Reorientação do Leste no Gás. Perdendo o mercado europeu, a Rússia está aumentando suas exportações de gás em direção ao leste. Os volumes de transporte pelo gasoduto "Força da Sibéria" para a China continuam a crescer e, em 2025, podem atingir cerca de 22 bilhões de m³, aproximando-se da capacidade projetada do gasoduto. Paralelamente, Moscou está negociando a construção de uma segunda fase do gasoduto através da Mongólia ("Força da Sibéria – 2"), cujo lançamento até o final da década permitiria compensar parcialmente os volumes europeus perdidos. Além disso, a Rússia está aumentando a exportação de GNL: novas capacidades de liquefação de gás foram introduzidas em Yamal e no Extremo Oriente. Remessas adicionais de GNL russo estão sendo direcionadas à **Índia**, **China**, **Bangladesh** e outros países da Ásia, que estão dispostos a comprar gás a preços competitivos. No entanto, em termos gerais, a exportação de gás da RF ainda está abaixo dos níveis pré-sanções - em grande parte, a prioridade para as autoridades russas agora é o mercado interno e atender às necessidades de seus aliados da CEI. A longo prazo, o sucesso da "mudança para o leste" dependerá da capacidade da Rússia de aumentar sua participação no mercado asiático, competindo com fornecedores de GNL do Oriente Médio e da América.
Assim, a indústria global de gás se aproxima do inverno de forma relativamente equilibrada. A Europa conta com uma significativa "margem de segurança" em caso de frio, embora não se possa excluir completamente oscilações de preços. Ao mesmo tempo, os fluxos comerciais globais de gás já mudaram drasticamente: a UE praticamente abandonou o gás russo, enquanto a Rússia se reorientou para o Leste. Os investidores estão de olho nos desenvolvimentos - desde a velocidade de lançamento de novos projetos de GNL no mundo até as negociações sobre novas rotas de fornecimento de gás. Até agora, a demanda moderada e o alto nível de estoques favorecem os importadores, mantendo os preços do combustível em um nível aceitável.
Setor de Eletricidade: Consumo Recorde e Modernização das Redes
O consumo global de eletricidade em 2025 avança firmemente em direção a novos máximos históricos. O crescimento econômico, a digitalização e a disseminação de veículos elétricos estão impulsionando a demanda por eletricidade em todas as regiões do mundo. Segundo estimativas de analistas, a produção total de eletricidade no mundo ultrapassará pela primeira vez 30 mil TWh por ano. As maiores contribuições para esse recorde virão das maiores economias: espera-se que os **EUA** consumam cerca de 4,1 trilhões de kWh (novo pico para o país), e que **a China** ultrapasse 8,5 trilhões de kWh. O consumo de energia também cresce rapidamente em países em desenvolvimento da Ásia, África e Oriente Médio devido à industrialização e ao aumento da população. Este crescimento acelerado da demanda apresenta novos desafios para a infraestrutura:
- Pressão nas Redes. O aumento da demanda por eletricidade exige uma modernização antecipada do complexo de redes elétricas. Muitos países anunciaram programas de investimento em grande escala para renovar e expandir as redes, bem como para construir novas usinas - a fim de prevenir a escassez de capacidade e interrupções durante cargas de pico. Por exemplo, nos EUA, as empresas de energia estão investindo bilhões de dólares para fortalecer as redes de distribuição em face do aumento da carga de centros de dados e estações de carregamento para veículos elétricos. Projetos semelhantes de fortalecimento das redes elétricas estão sendo implementados na Europa, China e Índia. Ao mesmo tempo, redes "inteligentes" e sistemas de armazenamento de energia estão ganhando importância: fazendas de baterias industriais e usinas hidrelétricas de bombeamento ajudam a suavizar a carga de pico e integrar a geração crescente e irregular de fontes renováveis. Sem a modernização da infraestrutura, será difícil para os sistemas energéticos atenderem de forma confiável à demanda recorde nas próximas décadas.
No geral, o setor de eletricidade demonstra resiliência, fornecendo energia à economia mesmo em níveis recordes de consumo. No entanto, para manter a confiabilidade do fornecimento, são necessários investimentos contínuos em redes, geração e inovações. Muitos governos veem a eletricidade como um setor estratégico, investindo em seu desenvolvimento, apesar das restrições orçamentárias, pois a estabilidade do fornecimento elétrico depende do funcionamento de todos os outros segmentos da economia.
Energias Renováveis: Recordes de Investimento, Apoio Governamental e Novos Desafios
O setor de fontes renováveis de energia (VIE) em 2025 continua a crescer rapidamente, consolidando a tendência global de transformação "verde" do setor energético. Os investimentos em energia solar e eólica estão quebrando recordes: estima-se que nos primeiros 6 meses de 2025, cerca de $400 bilhões foram investidos em projetos de VIE – um aumento de 10-12% em relação ao mesmo período do ano anterior. Esses recursos estão sendo direcionados principalmente para a construção de novas usinas solares e eólicas, bem como para o desenvolvimento de tecnologias adjacentes - sistemas de armazenamento de energia, plataformas digitais de gerenciamento de rede, etc. A rápida introdução de novas capacidades já está se refletindo no balanço energético: a produção de eletricidade limpa cresce sem aumento nas emissões de carbono.
- Geração Recorde e Participação de VIE. As fontes renováveis têm uma participação cada vez mais significativa no balanço energético global. Dados atuais mostram que cerca de 30% da produção de eletricidade no planeta provém da energia solar, eólica, hídrica e de outras VIE. Na União Europeia, essa cifra já ultrapassa 45% devido a políticas climáticas ativas e ao fechamento de usinas a carvão. **A China** está se aproximando da marca de 30% de geração a partir de VIE, apesar das enormes dimensões de seu sistema energético e da continuação da construção de novas usinas a carvão. Pela primeira vez em 2025, a geração global de eletricidade solar e eólica superou a produção a partir do carvão – um marco simbólico importante para a energia global.
- Apoio Governamental e Estímulos. Governos de grandes economias estão intensificando o apoio à energia "verde". Na Europa, estão sendo estabelecidos objetivos climáticos mais ambiciosos, exigindo a rápida introdução de capacidades limpas e o desenvolvimento do comércio de emissões. Nos EUA, a implementação de grandes programas de subsídios e isenções fiscais para VIE e setores relacionados continua (no âmbito do pacote Inflation Reduction Act). Nos países da CEI, também estão se intensificando os esforços para promover VIE: a Rússia e o Cazaquistão estão realizando concursos para selecionar novos projetos solares e eólicos com apoio do governo, enquanto o Uzbequistão está construindo parques solares em grandes desertos. Essa política de estímulo visa reduzir custos no setor e atrair investimentos adicionais, acelerando a transição para energia limpa.
- Dificuldades no Crescimento. O rápido desenvolvimento de VIE também traz desafios. A demanda crescente por equipamentos e insumos leva ao aumento dos custos de componentes: por exemplo, os preços do policloreto de silício para painéis solares e materiais raros para turbinas eólicas permaneceram altos em 2024-2025. Os sistemas energéticos enfrentam a necessidade de integrar a geração irregular - são necessários novos armazenadores de energia e capacidades de reserva manobráveis para equilibrar a rede. Além disso, em vários países, há uma escassez de mão de obra qualificada e de capacidade das redes elétricas para receber a crescente geração de VIE. Reguladores e empresas terão que enfrentar esses problemas para manter altas taxas de transição "verde" sem comprometer a confiabilidade do fornecimento de energia.
VIE já se tornaram parte integrante da energia global, atraindo enormes recursos financeiros. O setor espera uma expansão contínua - à medida que os custos das tecnologias diminuem, a participação da energia limpa aumentará e inovações (como baterias mais eficientes ou projetos de hidrogênio) abrirão novas oportunidades. Para os investidores, as energias renováveis continuam a ser um dos segmentos mais dinâmicos, embora, ao implementar projetos, seja necessário considerar os riscos de mercado associados ao fornecimento de materiais, regulamentação e limitações de infraestrutura.
Mercado de Carvão: Alta Demanda Asiática e Abandono do Carvão a Longo Prazo
O mercado global de carvão em 2025 apresenta tendências diversas. Por um lado, existe alta demanda por carvão nos países asiáticos - especialmente para a geração de eletricidade em períodos de pico. Neste verão, observou-se um aumento nas importações de carvão energético no Leste Asiático: por exemplo, em agosto, **a China**, **o Japão** e **a Coreia do Sul** aumentaram suas compras em quase 20% em comparação ao mês anterior. Na China, um endurecimento temporário das verificações ambientais e dos requisitos de segurança levou à redução da produção de carvão em algumas minas, enquanto o consumo industrial de eletricidade crescia rapidamente. A geração em falta foi compensada pela China com o aumento das importações de carvão, o que empurrou os preços regionais para cima: os preços do carvão australiano de Newcastle ultrapassaram $110 por tonelada (máxima em cinco meses). Da mesma forma, **a Índia** e vários outros países em desenvolvimento aumentaram o uso de carvão para apoiar seus sistemas energéticos durante a demanda de verão. Graças ao carvão, muitos países asiáticos conseguiram evitar cortes de energia e atender à demanda crescente.
Por outro lado, a perspectiva de longo prazo para a indústria do carvão permanece negativa. Cada vez mais países adotam políticas de abandono do carvão para combater as mudanças climáticas e reduzir emissões. Na União Europeia, a participação da geração a carvão caiu para menos de 10% (contra cerca de 15% há alguns anos), e 11 países da UE pretendem fechar completamente todas as usinas a carvão até 2030, substituindo-as por capacidades de gás e renováveis. Nos EUA, as condições de mercado também trabalham contra o carvão: gás natural barato e crescimento rápido de VIE continuam a deslocar carvão da matriz energética, apesar de algumas medidas de apoio à indústria do carvão. Mesmo países tradicionalmente dependentes do carvão estão reduzindo seu uso: por exemplo, **a Alemanha**, após um aumento temporário do uso de carvão em 2022-2023, em 2025 voltou a diminuir a geração de eletricidade em usinas a carvão. Os preços do carvão no mercado global estão, em média, significativamente abaixo dos níveis do ano anterior – na primeira metade de 2025, os preços de exportação dos principais centros de carvão caíram 25-30%, refletindo a diminuição da demanda fora da Ásia.
- Exportação Russa de Carvão. Para a Rússia, que está entre os três maiores exportadores de carvão, as tendências globais significam um deslocamento de foco para os mercados orientais. Após o embargo da UE em 2022, as empresas de carvão nacionais redirecionaram suas entregas da Europa para a região do Pacífico Asiático. Atualmente, mais de 75% das exportações de carvão russo vão para **a China**, **a Índia**, **a Turquia** e outros países da região. Essa demanda compensa parcialmente a perda do mercado europeu, mas o comércio a longas distâncias exige concessões significativas aos compradores e aumenta os custos de transporte. A longo prazo, conforme a saída do carvão se acelera nas principais economias do mundo, os mineradores de carvão russos precisarão se adaptar - buscando novos compradores, desenvolvendo a transformação mais profunda do carvão ou se reorientando para as necessidades internas (como a utilização de tecnologias de "carvão limpo" para abastecer a crescente infraestrutura digital). Apenas aumentando a eficiência e flexibilidade nas novas condições permitirá que as empresas de carvão da Rússia mantenham a competitividade e os volumes de vendas.
Assim, o setor de carvão vive seu "puzzle do cisne": a demanda de curto prazo por carvão em algumas regiões permanece alta, mas a tendência de longo prazo é claramente para a diminuição do papel desse combustível. Os investidores em carvão enfrentam uma realidade contraditória: por um lado, nos próximos anos, o carvão ainda será demandado na Ásia e proporcionará lucros, mas, por outro lado, o planejamento de novos projetos é dificultado pelos riscos de perda de mercados até 2030-2040. No centro das atenções está a estratégia das empresas para diversificação e controle de custos, além da política governamental, que pode mitigar as consequências socioeconômicas do declínio do carvão.
Mercado Interno de Combustíveis: Estabilização Após a Crise e Controle de Preços
Na segunda metade de outubro, a situação no mercado interno de combustíveis na Rússia melhorou significativamente em relação ao setembro crítico. Após interrupções agudas no fornecimento de gasolina em várias regiões e aumentos de preços, as autoridades implementaram rapidamente um conjunto de medidas que começaram a dar resultados. Na maioria das regiões da Rússia, a escassez de combustíveis automotivos foi eliminada: os preços no atacado da gasolina e do diesel caíram dos valores recordes, e os postos de combustíveis independentes retomaram a venda de combustível sem limitações. No entanto, o governo continua a monitorar a situação, especialmente em áreas distantes das bases petrolíferas (Extremo Oriente, algumas regiões siberianas), onde o fornecimento ainda não foi totalmente normalizado. Para evitar um novo surto de crise, as seguintes medidas foram adotadas e prorrogadas:
- Limitação das Exportações. A proibição de exportação de gasolina automotiva, imposta no final de setembro, permanece em vigor e foi prorrogada até 31 de dezembro de 2025. Da mesma forma, até o final do ano, as limitações ao envio de diesel para fornecedores independentes continuam. Essas medidas permitem direcionar os máximos volumes de produtos petrolíferos para o mercado interno e atender à demanda local.
- Apoio às Refinarias e Amortecedor. Desde 1º de outubro, o governo suspendeu a ativação do mecanismo de isenção do amortecedor de combustível. Isso significa que o Estado continuará a pagar compensações às refinarias para fornecimentos ao mercado interno, mesmo que os preços de mercado ultrapassem os limites. Desta forma, é mantido um incentivo financeiro para direcionar gasolina e diesel para os postos de combustíveis no país. Também são considerados incentivos adicionais para aumentar a produção: as autoridades pediram às refinarias para adiar manutenções não urgentes e aumentar o processamento de matéria-prima nos próximos meses.
- Importação e Mecanismos de Mercado. Para suprir a escassez em determinadas regiões, discute-se a simplificação da importação de combustíveis. Em particular, está sendo considerada a isenção temporária das tarifas de importação da gasolina e do diesel, o que permitirá, se necessário, atrair suprimentos de aliados (por exemplo, das refinarias da Bielorrússia). Além disso, os órgãos reguladores aumentaram o controle sobre os preços dos combustíveis: o Serviço Federal Antimonopólio emitiu advertências a várias grandes redes de postos de combustíveis por aumentos de preços injustificáveis. O governo tenta evitar um congelamento direto dos preços nos postos, apostando em mecanismos de mercado direcionados - como um amortecedor elevado e subsídios aos transportadores de combustíveis em áreas remotas.
Os primeiros resultados desses esforços já são perceptíveis. Na metade de outubro, a produção diária de gasolina e diesel na Rússia se recuperou após a queda do final do verão - isso foi facilitado pelo término das manutenções não programadas em várias refinarias e pelo redirecionamento de volumes de exportação para o mercado interno. Nas regiões centrais e do sul do país, as bases de atacado e os postos de combustíveis novamente acumularam estoques normais de combustíveis. As autoridades esperam atravessar a próxima temporada de inverno sem sérias interrupções no fornecimento. No entanto, a situação requer monitoramento constante: o governo está pronto para implementar medidas adicionais, se necessário, para evitar a repetição da crise de combustíveis. Em um nível sistêmico, surge a questão da modernização do setor - desenvolvimento da infraestrutura de armazenamento e entrega de combustíveis, implementação de plataformas digitais para distribuição transparente de recursos, além da ampliação do processamento de petróleo dentro do país. Essas questões foram discutidas nas seções especializadas do fórum REN-2025, ressaltando que, para a estabilidade de longo prazo do mercado interno, medidas emergenciais não são suficientes - é necessária uma modernização abrangente do setor de combustíveis.
Previsões e Perspectivas: Resultados do Fórum e Riscos do Inverno que se Aproxima
De modo geral, a indústria energética global se aproxima do final de 2025 em um estado de adaptação ativa às novas realidades. A contínua confrontação entre a Rússia e os países ocidentais está redesenhando o comércio global de recursos energéticos: fluxos de petróleo e gás estão sendo redistribuídos, as restrições sancionatórias forçam a busca por rotas e parceiros alternativos. As empresas do complexo de combustível e energia buscam reduzir riscos - seja por meio da reorientação das exportações para os mercados asiáticos, desenvolvimento do próprio processamento de matérias-primas ou hedge contra flutuações de preços. Ao mesmo tempo, a transição energética global está ganhando impulso: investimentos recordes em VIE e eficiência energética estão formando a configuração de longo prazo do setor, em que a geração "verde" desempenha um papel cada vez mais significativo.
Sobreviver aos próximos meses de inverno será o principal desafio para os mercados de energia. A Europa enfrentará um teste de resistência: conseguirá manter o equilíbrio do gás diante de possíveis invernos anormais sem retomar as importações russas? Na Rússia, o principal teste será a estabilidade do abastecimento interno de combustíveis: as medidas implementadas devem prevenir um novo surto de escassez durante o inverno. Além disso, permanecem os riscos internacionais - de conflitos geopolíticos (tensa situação no Oriente Médio e o conflito contínuo na Ucrânia) a emergências potenciais, como desastres tecnológicos ou naturais, que podem impactar a infraestrutura.
O fórum internacional "Semana Energética Russa 2025", que terminou em 17 de outubro sob o lema "Criando a Energia do Futuro Juntos", foi uma importante plataforma para discutir desafios atuais e buscar soluções. No âmbito do REN-2025, grande atenção foi dedicada à garantia do mercado interno de recursos energéticos e à expansão do potencial exportador da Rússia em novas condições. Nas margens do fórum, ocorreu um diálogo energético "Rússia – OPEP", bem como várias reuniões com representantes de países da Ásia e África. Ao final do fórum, mais de dez acordos de cooperação no setor energético foram assinados - desde projetos na área de redes elétricas e energias renováveis até programas de substituição de equipamentos para petróleo e gás. Esses acordos e conexões estabelecidas definirão o tom para futuras reformas e investimentos nos setores. A liderança russa confirmou a intenção de fortalecer a posição do país nos mercados de energia globais e, ao mesmo tempo, garantir o fornecimento confiável de energia à sua economia.
À medida que o novo ano se aproxima, investidores e participantes do mercado de energia olham para o futuro com otimismo cauteloso. O setor demonstra uma resiliência surpreendente diante de testes sem precedentes - sejam sanções, reestruturação logística ou mudanças tecnológicas. A adaptação continua, e 2025 se tornou um tempo de mudanças significativas para a indústria. Resta ver quão bem a indústria global de energia passará pelos meses de inverno e consolidará o equilíbrio de interesses alcançado nesta fase desafiadora. Uma coisa é certa: o complexo de combustível e energia global está entrando em um novo nível de interação e inovações, e seus principais atores estão prontos para mudanças, investindo no futuro e fortalecendo a cooperação no cenário internacional.