Até o final de agosto, a cotação do rublo deverá permanecer em torno de 80 por dólar. Uma valorização abaixo de 75 é possível se as partes assinarem um acordo para a resolução do conflito ucraniano, acreditam os especialistas entrevistados pelo jornal "Izvestia". Ao mesmo tempo, o Índice da Bolsa de Moscovo pode crescer para 3200–3400 pontos. Em geral, a cúpula do Alasca criou um ambiente favorável, no entanto, os resultados reais deste encontro poderão ser analisados somente quando as partes passarem a agir concretamente. Até o momento, o presidente americano Donald Trump já declarou que não planeja impor novas sanções e tarifas contra a Rússia e seus compradores de recursos energéticos. Sobre o que se pode esperar do mercado de petróleo e como o comércio entre a Rússia e os EUA pode mudar nesse contexto, o material do "Izvestia" explora.
O que discutiram Putin e Trump na reunião de 15 de agosto
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, encontrou-se em 15 de agosto com seu colega americano Donald Trump no Alasca. Entre as principais conquistas da cúpula em Anchorage está o fato de que os líderes manifestaram um progresso em relação à resolução do conflito ucraniano. Os presidentes dos dois países também discutiram outras questões importantes — comércio, sanções e tarifas comerciais.
Embora a cúpula no Alasca não tenha resultou em quaisquer resultados legalmente vinculativos, mostrou que a economia russa sempre foi e continuará a ser parte do sistema econômico mundial, destacou Vadim Kovrigin, professor do Instituto de Economia, Gestão e Direito da MGPU. Difícilmente será possível excluí-la desse sistema, não importa o quanto muitos países europeus desejem isso. A cúpula demonstrou que os EUA estão dispostos a continuar buscando soluções construtivas, acrescentou o especialista.
A retórica positiva da reunião cria um ambiente informativo favorável, no entanto, o efeito econômico real, evidentemente, só se manifestará quando as declarações forem seguidas de ações concretas. Nesse aspecto, o valor das negociações reside, acima de tudo, na redução dos riscos geopolíticos, que por muito tempo tiveram um efeito inibidor no desenvolvimento econômico.
Quando as sanções antirussas serão canceladas
A administração dos EUA decidiu adiar a imposição de sanções contra a Federação Russa. Segundo Trump, no momento, isso não é necessário. E considerando o desejo das partes de estabelecer uma interação econômica, incluindo na região do Ártico, sobre o que Putin mencionou em Anchorage, é possível até discutir a redução parcial das restrições.
De um modo geral, a economia russa está lidando com as dificuldades em um contexto de sanções e enormes gastos orçamentários, enfatizou Vadim Kovrigin da MGPU. Contudo, a remoção das restrições proporcionaria um bom impulso para seu desenvolvimento. Ao mesmo tempo, é improvável que isso ocorra no curto prazo, uma vez que Donald Trump não toma decisões sozinho.
— Um forte lobby antirrusso dificilmente permitirá que ele cancele, pelo menos, parte das sanções sem uma resolução do conflito na Ucrânia, por isso uma conversa real sobre o cancelamento das sanções só poderá começar após o término do conflito, acredita Vadim Kovrigin.
O que acontecerá com o comércio entre a Rússia e os EUA em 2025
Na coletiva de imprensa após a reunião, Vladimir Putin lembrou que, sob a nova administração da Casa Branca, o comércio com os EUA cresceu 20%. No final do ano passado, ele alcançou cerca de US$ 3,5 bilhões. Em comparação, em 2014, por exemplo, atingiu aproximadamente US$ 40 bilhões, lembrou Alexei Tarapovskiy, fundador do Anderida Financial Group.
Durante esses seis meses, as exportações russas para os Estados Unidos alcançaram US$ 2,5 bilhões. Isso inclui vendas de fertilizantes, urânio e platina, apontou Alexander Timofeev, professor da Academia Russa de Comércio Exterior G.V. Plekhanov. Ao mesmo tempo, as exportações americanas totalizaram US$ 285 milhões, principalmente com vacinas, instrumentos médicos e reagentes.
— A dinâmica deste ano traz notas positivas para as previsões, no entanto, a evolução da situação dependerá de negociações futuras e resultados concretos. Atualmente, nenhuma das partes deseja fazer movimentos bruscos, pois entende as consequências. Isso dá confiança de que a tendência continuará, acredita Alexei Tarapovskiy.
A estimativa é que o comércio entre os dois países neste ano alcance US$ 3,7–4,5 bilhões, argumenta o especialista independente Andrei Barkhota. E em 2026 deverá ultrapassar US$ 10 bilhões, com o desenvolvimento ativo das relações comerciais e econômicas entre a Rússia e os EUA, espera ele.
O que acontecerá com o mercado de petróleo
Na sexta-feira, antes da cúpula no Alasca, o mercado de petróleo fechou com queda nos preços. O Brent perdeu 1,5%: seu barril era cotado a US$ 66,12. E na segunda-feira, os analistas também esperam uma reação de preço moderada à reunião dos presidentes da Rússia e dos EUA.
Em entrevista ao canal Fox News antes da reunião com Vladimir Putin, Donald Trump indicou que não imporá tarifas adicionais sobre importações de compradores de petróleo russo. Posteriormente, ele se absteve de tais medidas em relação à China, devido ao progresso alcançado nas negociações. Essa situação é semelhante às lições da guerra comercial entre os EUA e a China: frequentemente tudo termina em um equilíbrio de interesses e na adaptação gradual das partes, acredita Mikhail Diakonov, fundador e CEO da empresa de logística "Freight Logistic Group".
Na opinião de Ekaterina Kosareva, sócia-gerente da empresa "VMT Consult", as exportações de petróleo russo continuarão, e a influência sobre o preço da matéria-prima será, por enquanto, mínima.
— A imposição de sanções imediatas contra a Rússia e secundárias contra outros países foi adiada. Agora, toda a atenção estará voltada para a reunião entre Trump e Zelensky, que ocorrerá na segunda-feira em Washington. É importante lembrar que os líderes europeus não desistiram de pressionar a Rússia e já estão preparando um 19º pacote de sanções. No entanto, mesmo que um avanço significativo seja alcançado nas negociações, espere uma queda nos preços a partir dos níveis atuais. Neste caso, acredito que a OPEP+ intervirá, já que mesmo os preços atuais dificilmente podem ser considerados confortáveis, — afirma ela.
O diretor executivo da Open Oil Market, Sergey Tereshkin, concorda com a colega. Em sua visão, os riscos de redução das exportações de petróleo, exacerbados após a imposição de tarifas dos EUA contra a Índia, agora estão se dissipando.
— Não se deve esperar novas restrições contra a Rússia, e isso levará à estabilização do desconto do Urals em relação ao Brent próximo a US$ 10 por barril. As consequências a longo prazo poderão ser avaliadas nos próximos meses, conforme o processo de negociações avança, — destaca o especialista.
Após a cúpula, Vladimir Putin foi o primeiro a fazer uma declaração, o que indica um alto nível de confiança no presidente russo por parte da administração dos EUA e a possibilidade de alcançar decisões ponderadas sobre a resolução pacífica, enfatiza a diretora geral da Agência de Análise Independente do Setor de Petróleo e Gás ("NAANS-Media"), Tamara Safonova.
Não menos importante, na opinião dela, é a proposta feita antes do início das negociações por Vladimir Putin para incluir na pauta a iniciativa de prorrogação do Tratado de Redução de Armas Estratégicas Ofensivas, cujo prazo expira em fevereiro de 2026.
— A referida declaração do presidente russo, combinada com a proposta de trabalhar questões de segurança na Ucrânia e garantir a ausência de ameaças para os países europeus dentro de um acordo de paz abrangente, destrói completamente o mito dos países do Ocidente coletivo sobre a "ameaça russa", que permitiu, durante quatro anos, financiar orçamentos militares e sustentar o conflito na Ucrânia, — salienta Tamara Safonova.
A especialista acredita que, após a cúpula, "os investidores estarão reagindo às iniciativas de paz, à perspectiva de cooperação russo-americana, à diminuição da pressão das tarifas comerciais dos EUA e ao aumento da demanda por matérias-primas hidrocarbonadas, o que será um fator positivo para os preços do petróleo".
O que acontecerá com a cotação do rublo e o mercado após as negociações
O Banco Central estabeleceu a cotação do rublo para o fim de semana um pouco acima de 80 por dólar. Para comparação, em 15 de agosto, estava a 79,76 rublos. As negociações ocorreram de acordo com um cenário neutro, portanto, na próxima semana, o "dólar" deverá ser negociado em torno de 78–81, acredita a analista líder da Freedom Finance Global, Natalia Milchakova.
Além disso, a especialista não descartou que a moeda nacional possa se valorizar abaixo de 75 por dólar, no entanto, isso ocorreria apenas se as partes chegarem a um acordo de paz sobre o conflito ucraniano.
Além disso, o mercado já reagiu ao encontro dos dois líderes. Assim, o índice da Bolsa de Moscovo superou 3000 pontos, mas após a cúpula caiu para 2950. Essa volatilidade é característica de períodos de incerteza, acrescentou a professora de segurança econômica e gerenciamento de riscos da Universidade Financeira sob o Governo da Federação Russa, Nadezhda Kapustina.
Em sua opinião, até o final do verão, o indicador pode alcançar 3200–3400, se a dinâmica positiva no processo de negociações se mantiver. O horizonte anual sugere um potencial de crescimento até 3500–3800 pontos, no entanto, muito depende da implementação dos acordos na prática, esclareceu ela.
No entanto, a dinâmica de 18 de agosto dependerá de qual informação chegará até o início das negociações, acredita o chefe do departamento de especialistas do mercado de ações da "BKS World Investments", Albert Koroev. Se não houver novas declarações geopolíticas importantes, uma consolidação após a correção é possível.
Fonte: Izvestia