Inflação no Reino Unido e na Zona do Euro, cúpula EUA-Arábia Saudita, estoques de petróleo da EIA e protocolo do FOMC — eventos econômicos de 19 de novembro de 2025

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Eventos Econômicos de 19 de Novembro de 2025
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Revisão detalhada dos eventos econômicos e relatórios corporativos para quarta-feira, 19 de novembro de 2025: inflação, cúpula EUA-Arábia Saudita, estoques de petróleo EIA e relatórios de empresas globais.

Chegou a quarta-feira, 19 de novembro de 2025 – um dia repleto de eventos capaz de definir o tom dos mercados mundiais. Os investidores estão de olho em várias questões-chave: a cúpula de investimento EUA-Arábia Saudita em Washington, uma série de dados macroeconômicos importantes (da inflação na Grã-Bretanha e na zona do euro até os estoques de petróleo nos EUA) e uma série de relatórios corporativos de grandes empresas. Em meio a uma dinâmica mista dos mercados no início da semana e com a cautela aumentando à medida que o ano se aproxima do fim, os eventos de hoje podem ter um impacto significativo no sentimento dos investidores da CEI e do mundo.

Ao iniciar o dia de negociações, os futuros dos índices globais mostram uma dinâmica moderada. As praças asiáticas apresentaram um desempenho sem unidade – os investidores na região já digeriram a maior parte dos relatórios locais e aguardam sinais de fora. Os mercados europeus abrem na expectativa de novos dados sobre a inflação e notícias dos EUA. Os investidores russos também estão em um estado de espera: o aumento dos preços do petróleo e a atualização iminente dos dados de inflação na Federação Russa mantém a atenção nos fatores locais, mas a agenda global promete definir o “tom” geral para o apetite ao risco.

Relatórios matinais: antes da abertura do mercado

  • Target (EUA): O grande varejista americano apresentará os resultados do terceiro trimestre antes do início dos negócios em Nova York. Os investidores esperam ver como as altas taxas de juros e os gastos cautelosos dos consumidores impactaram os negócios da empresa. O relatório da Target ajudará a avaliar o sentimento dos consumidores da classe média e o sucesso da estratégia de combinar vendas online e offline. A empresa anteriormente chamou a atenção por seus dividendos estáveis (~5% ao ano) e está em busca de maneiras de recuperar o crescimento das vendas antes da temporada de festas.
  • Lowe’s (EUA): Uma das maiores cadeias de DIY (Faça Você Mesmo) fará sua apresentação esta manhã. Os resultados da Lowe’s mostrarão o estado do setor habitacional e do mercado de reformas nos EUA. As altas taxas de juros hipotecárias esfriaram o mercado imobiliário, mas os analistas esperam que os esforços da empresa para reduzir custos e desenvolver canais online tenham sustentado o lucro. A teleconferência da Lowe’s às 17:00 MSK esclarecerá as previsões da administração para o quarto trimestre.
  • TJX Companies (EUA): O holding de desconto (proprietário das redes TJ Maxx, Marshalls, entre outras) também publicará seu relatório trimestral antes da abertura do mercado. Os investidores esperam um aumento na receita, com os consumidores se voltando para lojas de “preços baixos” em um ambiente de incerteza econômica. Os dados da TJX se tornarão um barômetro da atividade de compra no segmento de descontos e ajudarão a comparar a dinâmica com os varejistas premium.
  • Euro Stoxx 50 (Europa): Na Europa, novos relatórios corporativos entre as maiores empresas não estão programados para hoje – a maioria dos emissores da zona do euro já divulgou seus resultados do terceiro trimestre até meados de novembro. Portanto, a manhã nas bolsas europeias transcorre relativamente tranquila em termos de notícias corporativas, com a atenção concentrada nos lançamentos macroeconômicos.
  • Nikkei 225 (Japão): O mercado japonês concluiu a temporada principal de relatórios (para o primeiro semestre de 2025) na semana passada, portanto não são esperadas publicações significativas das empresas do índice Nikkei 225 hoje. Os investidores asiáticos se voltam para fatores globais, como demanda por chips e preços de commodities, que serão determinados pelos eventos externos deste dia.
  • Bolsas de Valores da Rússia (MOEX): No mercado russo, vale destacar os relatórios da empresa de leasing **Europлан** (MOEX: LEAS) para os 9 meses de 2025, que serão apresentados hoje. Embora a Europлан não seja considerada um “blue chip”, os investidores da Rússia acompanharão a dinâmica de seus indicadores-chave – isso permitirá avaliar o estado do setor de leasing corporativo e o interesse indireto do pequeno e médio negócio. Além disso, a empresa está realizando hoje o Dia do Investidor, onde pode revelar seus planos de desenvolvimento para 2026.

Relatórios noturnos: após o fechamento do mercado

  • Nvidia (EUA): O clímax do dia – o relatório do principal fabricante de chips, que será divulgado após o fechamento da sessão principal nos EUA (por volta da 00:00 MSK). A Nvidia é, de fato, um barômetro de todo o setor tecnológico: após um crescimento fenomenal das ações nos últimos dois anos (a capitalização cresceu quase 10 vezes na onda de entusiasmo em torno da IA), o mercado está prendendo a respiração. As expectativas são altas – os analistas preveem outro salto na receita devido à demanda avassaladora por processadores gráficos de servidores para inteligência artificial. A atenção dos investidores será voltada para as previsões da administração da Nvidia para o próximo trimestre: quaisquer dicas sobre desaceleração da demanda ou gargalos na produção podem provocar forte volatilidade não apenas nas ações da própria Nvidia, mas em todo o setor tecnológico.
  • Palo Alto Networks (EUA): O relatório desta empresa de cibersegurança será divulgado tarde da noite e complementará o panorama tecnológico do dia. A Palo Alto Networks publicará os resultados do primeiro trimestre financeiro de 2026 (a empresa tem um ano fiscal deslocado) e realizará uma teleconferência por volta da meia-noite em Moscovo. O setor de cibersegurança está em ascensão, graças à demanda corporativa estável, portanto os investidores aguardam confirmações de crescimento na receita e informações sobre novos grandes clientes. Resultados fortes podem sustentar o ímpeto positivo nas ações das empresas de tecnologia, enquanto um relatório fraco ou um tom cauteloso da gestão poderão intensificar as preocupações com as avaliações das empresas do setor.
  • Williams-Sonoma (EUA): Do setor de produtos de consumo premium, a Williams-Sonoma – varejista de produtos para casa e cozinha – dará seu relatório após o fechamento do mercado. Isso ajudará a avaliar a solvência dos consumidores americanos mais abastados. A empresa, conhecida por seu forte negócio online e pela marca Pottery Barn, provavelmente relatará a dinâmica das vendas antes da temporada de festas. Os investidores estarão interessados em saber se os consumidores ainda estão dispostos a gastar grandes quantias em produtos para casa, frente ao aumento do custo de vida e das taxas crescentes.
  • Outras empresas dos EUA: Além dos gigantes mencionados acima, relatórios de várias empresas médias também serão divulgados à noite. Entre elas estão o fabricante de equipamentos de rede **Cisco Systems** e o fabricante de chips **GlobalFoundries**, que já apresentaram seus resultados trimestrais na semana passada, mas continuam a influenciar o sentimento dos investidores. A Cisco reportou crescimento na receita e previsões otimistas sobre a demanda por soluções de rede, o que sustentou as ações do setor. A GlobalFoundries notou demanda estável por semicondutores e melhoria na margem, trazendo um pano de fundo positivo para a produção de alta tecnologia. Também se espera a publicação de resultados de algumas empresas de médio porte no setor de commodities – por exemplo, a mineradora canadense de prata **Pan American Silver** e a empresa de cobre **Taseko Mines**, que compartilharam melhorias em seus indicadores de produção devido aos preços favoráveis dos metais.

Análise setorial: tecnologia, consumo, commodities e saúde

Setor tecnológico

O setor de tecnologia continua a desempenhar o papel de locomotiva do mercado, mas a volatilidade tem aumentado à medida que os investidores avaliam a sustentabilidade do “boom da inteligência artificial”. Os relatórios da Nvidia e da Palo Alto Networks se tornarão um teste para as avaliações elevadas das ações das empresas de IA. Anteriormente, o setor recebeu apoio de resultados robustos da Cisco e da GlobalFoundries: equipamentos de redes e semicondutores estão mostrando alta demanda, apesar dos riscos geopolíticos nas cadeias de suprimentos. Mesmo as empresas de médio porte estão mostrando avanços impressionantes – assim, empresas tecnológicas israelenses Gilat Satellite Networks e Valens Semiconductor surpreenderam com o crescimento na receita (Gilat cresceu +58% ano a ano no terceiro trimestre e elevou o prognóstico anual, enquanto Valens superou as expectativas de receita e reduziu as perdas). O fabricante de LiDAR Innoviz também reportou um crescimento significativo no portfólio de pedidos, refletindo a demanda da indústria automotiva por tecnologias para veículos autônomos. Esses sinais positivos de pequenas empresas confirmam a abrangência do rali tecnológico. No entanto, após um crescimento vertiginoso de muitas ações de TI, os investidores mostram seletividade: quaisquer insinuações de sobreaquecimento (por exemplo, a recente venda de um grande lote de ações da Nvidia por um dos fundos) podem levar à realização de lucros. A manutenção de altas taxas de juros também cria um vento contrário para o setor, aumentando o custo do capital. Assim, a direção futura das ações de tecnologia dependerá de se os principais protagonistas do setor atenderão às expectativas atuais e se os negócios continuarão a crescer nos mesmos ritmos.

Setor de consumo

As empresas de varejo e do setor de consumo estão sob um olhar atento hoje. Os relatórios da Target, TJX e Lowe’s fornecerão uma visão diversificada sobre o sentimento do consumidor: desde o segmento de massa até a reforma de lares. Os sinais preliminares são mistos. Por um lado, **Walmart**, cujo relatório é esperado amanhã, recentemente alcançou máximas históricas no valor das ações – os investidores acreditam na resiliência do modelo de desconto numa época em que os compradores estão economizando. Por outro lado, a Target enfrentou uma queda nas vendas no último trimestre e até trocou a liderança de uma de suas divisões, o que indica dificuldades para varejistas com um ticket médio mais alto. A inflação elevada e os preços dos combustíveis no início do outono podem ter limitado os gastos das famílias, e agora é importante entender se a situação melhorou até outubro. As redes de varejo estão tomando medidas para apoiar a demanda – desde a ampliação de programas de desconto até investimentos em e-commerce. A Lowe’s, por exemplo, aposta em contratantes profissionais e vendas online para compensar a queda na atividade de DIY entre a população. Os dados sobre vendas no varejo e os relatórios das redes nos EUA também são interessantes para investidores da CEI: eles refletem a saúde da maior economia do mundo e influenciam indiretamente os exportadores de países em desenvolvimento. Se os relatórios dos varejistas americanos mostrarem resiliência na demanda do consumidor, isso será um sinal positivo para os mercados como um todo. Às vésperas da temporada de Natal, será fundamental o comentário da administração sobre as previsões de vendas para o quarto trimestre – uma forte orientação pode reforçar a confiança no setor de consumo, enquanto previsões cautelosas aumentariam as preocupações sobre uma recessão em 2026.

Commodities e energia

O setor de commodities está vivenciando um aumento da volatilidade sob influência da geopolítica. Os preços do petróleo aumentaram acentuadamente recentemente, superando $90 por barril de Brent, após relatos de uma emergência na América Latina: a mobilização parcial anunciada na Venezuela e possíveis passos sancionatórios por parte dos EUA agitaram o mercado de energia. Nesse contexto, os dados de hoje da EIA sobre estoques de petróleo nos EUA (18:30 MSK) têm uma importância especial. Se os estoques forem novamente reduzidos mais do que o esperado, isso confirmará a oferta limitada e sustentará os preços do petróleo – benchmark para o tipo russo Urals. Os altos preços do petróleo já se refletiram na melhoria dos indicadores financeiros das empresas de petróleo e gás: na semana passada, **Saudi Aramco** e **BP** fizeram avaliações otimistas sobre a demanda para 2024. As ações de petróleo e gás da Rússia (como “Rosneft” e “LUKOIL”) também se sentem confiantes, recebendo um influxo adicional de receita devido à conjuntura favorável.

No entanto, a situação nos metais é mais estável: o ouro se mantém próximo a $1950 por onça, em uma faixa estreita, mas o interesse por ativos de proteção pode aumentar com o crescimento da tensão geopolítica ou a decepção nas ações dos bancos centrais. No segmento de metais industriais, os resultados Pan American Silver e Taseko Mines mostraram que as empresas mineradoras se adaptaram às oscilações de preços: por meio da redução de custos e aumento de eficiência, conseguiram melhorar a margem mesmo com preços moderados de prata e cobre. Isso é um bom sinal para todo o setor de commodities: a resistência das empresas a riscos de preços fala sobre a atratividade do setor para investimento a longo prazo. Outro impulsionador pode ser o potencial de negócios ou anúncios sobre investimentos em energia na cúpula EUA-Arábia Saudita. Se em Washington forem anunciados planos de investimentos de bilhões de dólares da Arábia Saudita em infraestrutura energética ou petroquímica dos EUA, isso poderá apoiar as empresas de commodities e impulsionar novos projetos de parceria entre os países.

Setor de saúde

Em meio a discussões intensas sobre tecnologia e macroeconomia, não devemos esquecer o setor de saúde, que vem superando o mercado recentemente. Na semana passada, o índice das ações das empresas de saúde teve um crescimento mais significativo do que os outros setores – os investidores estão se reorientando para ativos de proteção e respondendo a relatórios bem-sucedidos de empresas farmacêuticas e de biotecnologia. Por exemplo, nesta semana, o fabricante americano de equipamentos médicos **Medtronic** superou previsões de lucro, indicando a manutenção da demanda por implantes e dispositivos mesmo diante das dificuldades da economia global. As empresas de biotecnologia também mostram sinais de viabilidade: a britânico-americana **Autolus Therapeutics**, em seu relatório do 3º trimestre, pela primeira vez mostrou receita significativa com a venda de uma nova terapia celular, o que indica progresso comercial em medicamentos inovadores. Em geral, os gigantes farmacêuticos estão demonstrando resultados financeiros resilientes, graças a negócios diversificados e influxo de fundos em pesquisas de vacinas, tratamentos para doenças oncológicas e raras. O setor de saúde é atraente para investidores, pois combina demanda relativamente previsível com generosos dividendos (a maioria das grandes farmacêuticas paga dividendos de forma consistente há décadas). Em um cenário onde a principal questão para o mercado é quanto tempo os bancos centrais continuarão mantendo taxas altas, o setor de saúde se apresenta como um “porto seguro”: fluxos de caixa estáveis e independência do ciclo econômico fazem deste setor uma parte importante de um portfólio de investimento equilibrado.

Agenda macroeconômica

Além das notícias corporativas, 19 de novembro é rico em lançamentos e eventos macroeconômicos importantes que podem impactar significativamente o apetite global pelo risco. Um lugar de destaque é ocupado pela **cúpula de investimento EUA-Arábia Saudita** em Washington: hoje, no centro Kennedy, altos representantes de negócios dos dois países se reunirão para discutir projetos de parceria. Espera-se que no fórum sejam anunciados contratos de investimento e iniciativas com um valor total de até $1 trilhão – desde energia e infraestrutura até tecnologia e setor de defesa. Esta cúpula ocorre um dia após a reunião do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman com o presidente dos EUA, simbolizando o aquecimento das relações econômicas entre dois atores-chave. Quaisquer grandes acordos ou declarações da cúpula podem refletir no mercado de petróleo, nas ações das corporações de defesa e no clima de investimento como um todo.

Durante o dia, é importante que os investidores acompanhem as seguintes publicações estatísticas (horário de Moscovo):

  • 10:00 MSK – Grã-Bretanha, IPC (índice de preços ao consumidor de outubro): espera-se uma leve queda na inflação anual de cerca de ~3,8% para a faixa de 3,5–3,6%. Se os dados confirmarem a desaceleração do crescimento dos preços, isso consolidará a posição do Banco da Inglaterra, que anteriormente sinalizou uma pausa no aumento das taxas. No entanto, a inflação na Grã-Bretanha ainda excede a meta de 2%, portanto, há uma atenção especial à inflação básica e aos preços dos alimentos. Um índice CPI inesperadamente alto pode debilitar a libra e impactar os títulos do governo britânico, enquanto uma inflação mais baixa sustentará ações e títulos, alimentando esperanças para uma redução das taxas em 2026.
  • 11:00 MSK – Zona do Euro, balança de contas correntes (setembro): o indicador de balança externa da zona do euro mostrará se o superávit da conta corrente se mantém em meio à queda dos preços das commodities. No mês passado, o superávit foi bastante alto devido à redução nas despesas de importação de gás e petróleo. Dados fortes (aumento do superávit) significam um influxo de moeda para a região, sendo positivo para o euro e para a estabilidade financeira da UE. A redução do superávit pode indicar uma fraqueza na demanda global por exportações europeias ou uma recuperação nos preços de importação – um fator que o BCE considerará ao analisar a economia.
  • 13:00 MSK – Zona do Euro, IPC final (outubro): a avaliação final da inflação de preços ao consumidor na zona do euro para outubro, que provavelmente confirmará os números publicados anteriormente: cerca de +2,1% em relação ao ano – o menor nível em quase dois anos. Essa desaceleração da inflação a aproxima da meta de 2% do BCE e dá razão para esperar que o ciclo de aperto monetário na Europa tenha terminado. Os investidores irão analisar os componentes: se a inflação básica (excluindo energia e alimentos) também mostrar queda, isso aumentará as expectativas de suavização da política do BCE no meio de 2026. Ao mesmo tempo, quaisquer surpresas em alta na inflação podem alarmar os mercados de títulos e adiar as perspectivas de cortes nas taxas na UE.
  • 18:30 MSK – EUA, estoques de petróleo semanal segundo dados da EIA: o tradicional relatório do Departamento de Energia dos EUA adquire hoje uma importância adicional devido à crescente tensão geopolítica no mercado de petróleo. A mudança anterior nos estoques mostrou uma redução significativa, o que parcialmente impulsionou os preços para cima. Se esta semana os dados refletirem mais uma vez uma queda nos estoques comerciais de petróleo e produtos petrolíferos, isso confirmará a continuidade do déficit de oferta nos EUA. Essas notícias podem provocar um novo aumento nos preços do petróleo, especialmente em conjunto com fatores da OPEC+ e a situação em torno do Irã e da Venezuela. Para os exportadores de energia russos e a taxa do rublo, altos preços do petróleo são um fator positivo, portanto, o mercado local também reagirá sensivelmente à estatística da EIA.
  • 19:00 MSK – Rússia, inflação do consumidor (IPC): O Rosstat publica os dados mais recentes sobre a inflação na Federação Russa (geralmente uma avaliação semanal e os indicadores do mês anterior). A pressão inflacionária na Rússia aumentou no outono devido à desvalorização do rublo e os estímulos fiscais: o índice anual do IPC ultrapassou 6%, o que está bem acima do nível alvo do Banco da Rússia (4%). Em resposta, o regulador realizou uma série de aumentos bruscos da taxa-chave (até 15% ao ano). Agora, os investidores buscam sinais de desaceleração no crescimento dos preços – se a inflação começar a cair, isso fortalecerá as esperanças de uma mudança na política monetária em 2024. Os números de hoje mostrarão a dinâmica dos preços de alimentos, combustíveis e outras categorias sensíveis na primeira metade de novembro. Para o rublo e o mercado de OFZ, taxas moderadas de inflação seriam um sinal encorajador, enquanto um salto inesperado nos preços poderia provocar uma nova onda de vendas no mercado de títulos e pressão sobre a moeda nacional.
  • 22:00 MSK – EUA, ata da reunião do FOMC (minutas do Fed): à noite será publicada a ata da última reunião do Comitê Federal de Operações Abertas (Fed dos EUA), que ocorreu no final de outubro. Naquela ocasião, o regulador manteve a taxa em 5,5% e deixou claro que está disposto a “manter uma pausa” nas próximas decisões, avaliando os dados que chegam. Os investidores analisarão as “minutas” em busca da disposição de opiniões dentro do Fed: quão unânime foi a decisão de manter a taxa, se houve discussões sobre um possível aumento em dezembro ou, ao contrário, reflexões sobre suavizar a política caso a economia desacelere. Atenção especial deve ser dada aos comentários sobre inflação e mercado de trabalho. Se a maioria dos membros da reunião adotar uma postura “hawkish” (ênfase nos riscos inflacionários, disposição para aumentar a taxa ainda mais), isso pode esfriar o otimismo recente no mercado acionário e levar ao aumento dos rendimentos dos títulos do governo. No entanto, formulários mais suaves, indicando “riscos elevados para a economia” ou divergências entre os membros do FOMC sobre uma futura rigidificação podem fortalecer as expectativas de que o ciclo de aumento das taxas esteja efetivamente concluído. Para o mercado em geral, essa informação é importante como um guia: quaisquer insinuações do Fed sobre a futura trajetória da taxa refletirão imediatamente na taxa do dólar, nos preços do ouro e no sentimento dos investidores nas ações de empresas de crescimento.

Previsões e riscos

Diante de tal abundância de dados e eventos, o cenário básico dos analistas é de manutenção de um fundo relativamente neutro, com possíveis explosões locais de volatilidade. Muitos esperam que os resultados do dia esclareçam a imagem: se os lançamentos de inflação confirmarem a tendência de desaceleração do crescimento dos preços e se os relatórios corporativos (particularmente da Nvidia) forem robustos, isso pode dar impulso para um rali moderadamente positivo no final da semana. No entanto, uma série de riscos pode corrigir esses planos.

  • Desapontamento no setor tecnológico: as atuais avaliações dos líderes do setor de TI pressupõem resultados impecáveis. Qualquer indício da Nvidia de desaceleração nas vendas de chips ou previsões cautelosas sobre a demanda pode provocar vendas em massa das ações de crescimento. Considerando a enorme participação dos gigantes da tecnologia nos índices dos EUA, um relatório fraco da Nvidia pode puxar para baixo todo o Nasdaq e o S&P 500, e, através do mecanismo de ETFs globais – refletir também em outros mercados.
  • Inflação inesperada: os dados macroeconômicos de hoje podem trazer surpresas desagradáveis. Se, por exemplo, a inflação britânica ou a europeia ficar acima das expectativas, os investidores começarão a falar novamente sobre “taxas altas por mais tempo”, o que afetará os títulos e ações. Na Rússia, uma aceleração da inflação semanal aumentaria a pressão sobre o Banco Central russo para continuar a política rígida, o que esfriaria o interesse por ativos atrelados ao rublo.
  • Tom “hawkish” dos bancos centrais: a divulgação da ata do Fed é um evento de risco. Se nas “minutas” ficar claro que o regulador está preocupado com o mercado de trabalho ou com outro fator e pronto para aumentar a taxa novamente, os mercados podem reagir com um fortalecimento acentuado do dólar e uma queda nos índices acionários. Da mesma forma, a retórica dos representantes do BCE ou do Banco da Inglaterra (se seguirem comentários após os dados) pode alterar o equilíbrio das expectativas sobre as taxas na Europa.
  • Fatores geopolíticos: apesar da relativa redução das tensões no Oriente Médio (na faixa de Gaza há um frágil cessar-fogo), os riscos políticos ainda estão longe de serem eliminados. As negociações para expandir os Acordos de Abraham (normalização das relações de Israel com países árabes) ocorrem paralelamente à cúpula em Washington. Qualquer agravamento da situação – rompimento do cessar-fogo, novas sanções ou incidentes militares – poderá levar a uma fuga para a qualidade, aumento dos preços do petróleo e queda dos ativos de risco. Não devemos esquecer também do fator chinês: dificuldades econômicas da China ou a escalada nas relações entre Pequim e Washington (por exemplo, novas restrições à exportação de tecnologia) podem repentinamente intensificar o sentimento de aversão ao risco na arena global.
  • Recessão econômica: finalmente, o risco básico é o agravamento das condições macroeconômicas. Dados sobre vendas de casas, produção industrial e confiança do consumidor apontam para uma desaceleração da economia dos EUA e da UE. Se os relatórios corporativos começarem a refletir queda na demanda (por exemplo, a Target pode relatar uma dinâmica fraca no início do quarto trimestre), os mercados mudarão seu foco de riscos inflacionários para riscos de recessão. Nesse ambiente, é possível uma rotação de ações cíclicas para defensivas, com aumento de interesse em ouro e títulos do governo, enquanto os papéis de alto rendimento podem estar sob pressão.

Em resumo, o dia de hoje será uma espécie de “momento da verdade” para o mercado: ele mostrará quão justificadas são as avaliações otimistas das ações e se a inflação conseguiu ser controlada sem um forte resfriamento da economia. Os investidores devem estar prontos para oscilações acentuadas de preços ao longo do dia conforme as notícias forem divulgadas.

Oportunidades para o investidor

Apesar dos riscos mencionados, a situação atual também abre uma série de oportunidades. A volatilidade do mercado não é apenas uma ameaça, mas também uma chance para investidores ativos aumentarem a rentabilidade de seus portfólios. Abaixo estão algumas ideias a se considerar à luz dos eventos de 19 de novembro:

  • Correções no setor tecnológico – uma oportunidade para escolher líderes: se após o relatório da Nvidia ou de outros gigantes da TI ocorrer uma queda em suas ações, investidores de longo prazo da CEI podem considerar a possibilidade de adquirir gradualmente participações nas empresas de tecnologia mais fortes. O setor ainda possui alto potencial de crescimento devido à IA, serviços em nuvem e digitalização, portanto correções temporárias nos preços de empresas de qualidade (com lucro resistente e baixa carga de endividamento) podem ser usadas para aumentar posições. O principal é agir seletivamente e evitar investir em histórias supervalorizadas sem lucro.
  • Ativos defensivos e aristocratas de dividendos: com a aproximação de um possível desaceleramento econômico, é sensato aumentar a participação de instrumentos defensivos. Isso pode incluir ações de setores de saúde, serviços públicos, produtores de bens essenciais – tanto globais quanto russos (por exemplo, ações de varejistas de alimentos ou telecomunicações na Federação Russa). Esses emissores normalmente pagam dividendos estáveis e são menos suscetíveis a ciclos econômicos. Os rendimentos deles cresceram recentemente, permitindo que investidores colham benefícios duplos: fluxo de dividendos + possível crescimento nos preços, quando os mercados começarem a reavaliar sua estabilidade.
  • Setor de commodities e ouro: para investidores de países ricos em recursos da CEI, a manutenção de um percentual de ativos de commodities é relevante. Altos preços do petróleo sustentam diretamente os orçamentos e empresas da região, portanto, ações de petróleo e gás (inclusive no mercado russo) continuam atraentes, especialmente com rendimentos de dividendos de 10–15% ao ano. O ouro e os instrumentos relacionados (ETFs, ações de mineradoras de ouro) servem como proteção em caso de deterioração das condições geopolíticas ou aumento da inflação. Os níveis atuais dos preços dos metais preciosos parecem relativamente baixos em relação aos rendimentos reais dos títulos, e em um cenário de estresse, o ouro pode rapidamente aumentar de valor.
  • Títulos de curto prazo e caixa: enquanto não há clareza total nas ações dos bancos centrais, é sensato manter parte do capital em forma altamente líquida. Títulos do governo dos EUA de curto prazo atualmente oferecem cerca de 5,5% ao ano – máximos em 15 anos, o que efetivamente proporciona rendimento sem riscos que supera a inflação esperada. Os OFZ russos com maturidade em 1–2 anos estão sendo negociados com rendimentos de 12–13%, oferecendo uma generosa prima pelo risco país e um horizonte relativamente curto. Alocar parte dos recursos em tais instrumentos ou simplesmente em depósitos permitirá atravessar um período de incerteza, mantendo o “pó seco” para futuros investimentos, quando a volatilidade diminuir.

É importante que cada investidor siga sua própria estratégia e nível de risco aceitável. A diversificação entre classes de ativos e regiões é o principal aliado em condições onde a situação pode mudar em questão de horas após a publicação de notícias.

Recomendações finais

Às vésperas de um dia repleto de eventos, aconselhamos os investidores da CEI a manterem uma abordagem ponderada e equilibrada. Primeiro, **não ceder a emoções excessivas**: movimentos bruscos no mercado em resposta a notícias únicas costumam ser de curto prazo. As decisões do Fed ou um único relatório são sinais importantes, mas uma estratégia de investimento bem-sucedida é construída sobre tendências de longo prazo. Em segundo lugar, **manter o portfólio diversificado**. O panorama atual justifica ter um mix de ações de crescimento (tecnologia) e papéis cíclicos (finanças, indústria), além de ativos defensivos (saúde, títulos, ouro). Essa combinação permitirá amortecer quedas potenciais em um segmento específico.

Em terceiro lugar, **prestar atenção à liquidez e riscos**. Se você está usando recursos emprestados ou negociando com margem, certifique-se de que a garantia resista a possíveis flutuações acentuadas de preços – a volatilidade pode aumentar drasticamente hoje. Faz sentido estabelecer previamente níveis de stop-loss e take-profit para as posições mais voláteis, a fim de automatizar a disciplina e evitar decisões impulsivas. Em quarto lugar, **usar o conhecimento sobre ciclos macroeconômicos**: entender que os bancos centrais estão próximos do pico das taxas e que a inflação está em queda permite planejar uma transição para uma estratégia mais agressiva no futuro (por exemplo, aumentando a participação de ações de mercados emergentes ou títulos de alta rentabilidade), mas é melhor fazê-lo somente após os principais riscos (como os dados e as atas de hoje) serem superados.

Finalmente, ao concluir a revisão, enfatizamos: **quarta-feira, 19 de novembro, promete fornecer aos investidores material valioso para análise**. Ao final do dia, ficará mais claro com quais indicadores da economia e das empresas americanas estamos nos aproximando do fim do ano. Com essas informações, será possível ajustar as estratégias: aumentar a exposição ao risco em certos lugares e, em outros, recuar para a proteção. Fique atento às notícias, avalie seu impacto de forma clara – e suas decisões de investimento serão mais fundamentadas. Tenha um bom dia de negociação!

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