Notícias do Setor Energético sábado, 18 de outubro de 2025: sanções, ultimato indiano e estoques recordes de gás

/ /
Notícias do Setor Energético — sábado, 18 de outubro de 2025: sanções, ultimato indiano e estoques recordes de gás
16
Notícias do Setor Energético sábado, 18 de outubro de 2025: sanções, ultimato indiano e estoques recordes de gás

Notícias atuais do complexo de combustível e energia em 18 de outubro de 2025. Análise dos mercados mundiais de petróleo, gás, carvão, eletricidade e fontes de energia renováveis. Sanções, reorientação das exportações, mercado interno de combustíveis da Rússia e resultados do fórum REN-2025.

Até meados de outubro de 2025, o complexo global de combustível e energia apresenta uma situação relativamente estável, mas contraditória. Os preços do petróleo permanecem próximos a mínimos de vários meses devido ao excedente esperado de oferta até o final do ano, no entanto, a tensão geopolítica não diminui. O confronto sancionatório entre a Rússia e o Ocidente se intensifica: esta semana, o Reino Unido impôs novas restrições contra grandes empresas petrolíferas russas, e os EUA instam aliados a abandonar completamente a importação de energia russa. Um evento inesperado foi a declaração da Índia sobre a disposição deGradualmente encerrar as compras de petróleo russo – se isso se concretizar, os fluxos globais de petróleo serão significativamente reestruturados. Por outro lado, a Europa se aproxima do inverno com reservas de gás natural sem precedentes, o que assegura a estabilidade de preços nos mercados de combustível, a menos que ocorram frios extremos. A transição energética global está ganhando impulso: investimentos recordes em energia renovável estão sendo registrados, embora os recursos tradicionais ainda permaneçam a base do sistema energético. Na Rússia, medidas de emergência para estabilizar o mercado interno de combustíveis estão trazendo resultados - a escassez de gasolina está diminuindo, os preços atacadistas estão se afastando dos picos, embora a situação em regiões remotas ainda exija atenção. O centro das discussões do setor é o fórum internacional "Semana de Energia da Rússia 2025", que ocorreu em Moscou de 15 a 17 de outubro, onde os temas centrais foram o fornecimento de recursos energéticos para o mercado interno e a reorientação das exportações em novas condições sancionatárias. A seguir, apresentamos uma visão detalhada das principais notícias e tendências nos setores de petróleo, gás, energia elétrica e matérias-primas em 18 de outubro de 2025.

Mercado de petróleo: pressão sancionatória, fator indiano e excesso de oferta

Os preços globais do petróleo continuam em níveis baixos. A mistura de referência Brent é negociada em cerca de $61–62 por barril, enquanto o WTI americano está na faixa de $58–59. Isso é próximo às mínimas desde o início do verão e reflete as expectativas de um excesso de petróleo no mercado no quarto trimestre. Um pequeno aumento nos preços em setembro foi seguido pela queda – os traders estão prevendo um cenário em que a oferta superará a demanda até o final do ano. Ao mesmo tempo, as últimas notícias adicionam novas variáveis ao mercado de petróleo:

  • Excesso e demanda moderada. O oligarquia de petróleo OPEP+ mantém um curso de aumento gradual da produção. Na reunião de 5 de outubro, os principais países confirmaram o aumento da cota total a partir de novembro em cerca de 130 mil barris por dia, continuando a recuperação cautelosa das participações de mercado perdidas. Ao mesmo tempo, fora da OPEP, os volumes de produção estão aumentando - principalmente nos EUA e no Brasil, que estão se aproximando de níveis recordes. A demanda por petróleo está crescendo mais lentamente do que o esperado: a Agência Internacional de Energia diminuiu sua previsão de crescimento do consumo em 2025 para cerca de 0,7 milhão de barris/dia (em comparação com mais de 2 milhões em 2023), citando a desaceleração das economias da Europa e da China e o efeito dos preços elevados anteriores. Como resultado, os estoques comerciais de petróleo no mundo estão aumentando, aumentando a pressão sobre os preços.
  • Sanções e geopolítica. As sanções ocidentais permanecem um fator significativo de incerteza. Em meados de outubro, o Reino Unido anunciou sanções contra as maiores empresas de petróleo e gás da Rússia (incluindo a Rosneft e a Lukoil), intensificando as restrições do setor. Washington está pressionando os parceiros a endurecer sua abordagem – até a completa interrupção da compra de petróleo russo e o encerramento de esquemas de contorno através da frota de petroleiros "sombreados". Pressões adicionais sobre o complexo energético russo vêm de riscos militares: ataques de drones ucranianos à infraestrutura de petróleo estão se tornando mais frequentes. Nesta semana, instalações em Saratov e Bashkortostan foram danificadas, levando a algumas refinarias a interromper o funcionamento de suas unidades. Em resposta, as autoridades russas anunciaram o adiamento de reparos programados nas refinarias para saturar o mercado ao máximo – essas ações visam prevenir a escassez de combustível tanto internamente quanto nas rotas de exportação. Em conjunto, a pressão sancionatória e as ameaças militares aumentam a volatilidade: qualquer nova agressão ou força maior pode reduzir a oferta disponível e provocar um salto nos preços.
  • Reorientação da Índia do petróleo russo. O maior importador de petróleo russo – a Índia – sinalizou a possível revisão de sua política energética. Segundo o presidente dos EUA, a liderança indiana prometeu gradualmente parar as compras de petróleo russo, cuja participação alcançou cerca de um terço das importações indianas. Oficialmente, Nova Délhi afirma que sua prioridade é a estabilidade de preços e fornecimento confiável, no entanto, a simples discussão desse passo preocupou o mercado. Se a Índia realmente reduzir as importações da Rússia, Moscou terá que redirecionar volumes enormes para outros mercados ou cortar a produção. Por um lado, a saída da Índia dos barris russos aumentará a pressão sobre a exportação da Rússia e pode agravar os riscos orçamentários da Rússia. Por outro lado, isso removerá um grande consumidor de matéria-prima russa do mercado global: os concorrentes do Oriente Médio, África e América substituirão os volumes perdidos, o que, no longo prazo, redistribuirá os fluxos comerciais. Notícias da Índia temporariamente apoiaram os preços do petróleo acima das mínimas recentes, pois os participantes do mercado esperam uma diminuição da oferta da Rússia. Analistas observam que a combinação desses fatores geopolíticos não permitirá que os preços caiam muito abaixo dos níveis atuais - a marca de Brent em cerca de $60 por barril agora é vista como uma espécie de "teto" do mercado, que limita uma nova queda.

No geral, o mercado de petróleo está equilibrando-se entre a pressão de fatores fundamentais e riscos políticos. O excesso de oferta não permite que os preços subam, mas as sanções e possíveis rearranjos no mercado (por exemplo, a saída da Índia das importações russas) não permitem que as cotações caiam muito profundamente. Companhias e investidores estão agindo com cautela, considerando a probabilidade de novos choques – desde o endurecimento do regime de sanções até a intensificação de conflitos. O cenário básico para os próximos meses prevê a manutenção de preços moderadamente baixos em um mercado global com excesso de petróleo.

Gás natural: estoques recordes, preços baixos e reorientação do leste nas exportações

No mercado de gás, o outono traz condições confortáveis para os consumidores, especialmente na Europa. A união europeia entra na temporada de inverno com um recorde de reservas: os depósitos subterrâneos de gás na UE estão em média preenchidos em mais de 95% - significativamente acima dos níveis do ano passado. Devido ao clima ameno no outono e ao alto volume de importações de gás natural liquefeito (GNL), os europeus acumularam antecipadamente as reservas necessárias sem compras de pânico. Os preços atacadistas de gás mantêm-se em níveis relativamente baixos: o índice-chave TTF na Holanda estabilizou-se na faixa de 30–35 € por MWh, que é várias vezes inferior aos picos do outono de 2022. O risco de repetição da crise do gás do ano passado caiu visivelmente, embora muito dependa das condições climáticas no inverno e da estabilidade das entregas de GNL.

  • Recusa da Europa pelo gás russo. Os países da UE continuam a reduzir a dependência do gás russo. As entregas diretas por gasoduto da Rússia caíram para volumes mínimos e são mantidas apenas em alguns estados através de contratos de longo prazo (por exemplo, na Hungria). Nos últimos dois anos, a participação da Rússia nas importações de gás da União Europeia caiu de cerca de 40% para menos de 15%. Em Bruxelas, estão sendo discutidas medidas adicionais: o 19º pacote de sanções da UE inclui uma proibição de compras de GNL russo até 2026-2027, o que formalizará legalmente a completa descontinuação dos fornecedores de energia da Rússia no médio prazo. Já agora, os principais recursos para a Europa são o GNL importado de todo o mundo, bem como o aumento das entregas por meio de gasodutos da Noruega, Norte da África e Azerbaijão.
  • Pivô para o leste no gás. Com a perda do mercado europeu, a Rússia está aumentando a exportação de gás na direção leste. Os volumes de bombeamento através do gasoduto "Força da Sibéria" para a China continuam a crescer e em 2025 podem alcançar um recorde de cerca de 22 bilhões de m³, aproximando-se da capacidade projetada do duto. Paralelamente, Moscou está em negociações para construir uma segunda linha do gasoduto através da Mongólia ("Força da Sibéria - 2"), cuja inauguração até o final da década compensará parcialmente os volumes perdidos na Europa. Além disso, a Rússia está aumentando a exportação de GNL: novas capacidades para liquefação de gás foram introduzidas em Yamal e no Extremo Oriente. Lotes adicionais de GNL russo estão sendo direcionados à Índia, China, Bangladesh e outros países da Ásia dispostos a comprar gás a preços competitivos. No entanto, a exportação total de gás da Rússia ainda está abaixo dos níveis pré-sancionamento – em grande parte porque a prioridade para as autoridades russas agora é o mercado interno e a satisfação das necessidades dos aliados da CEI.

Assim, a indústria global de gás se aproxima do inverno em um estado relativamente equilibrado. A Europa possui uma sólida "rede de segurança" para enfrentar os frios, embora a exclusão completa de saltos de preços não seja possível. Ao mesmo tempo, os fluxos globais de comércio de gás mudaram radicalmente: a UE praticamente abandonou o gás russo, e a Rússia se reorientou para o leste. Investidores estão observando atentamente a situação – desde o ritmo de lançamento de novos projetos de GNL no mundo até as negociações sobre novas rotas de entrega de gás. Por enquanto, a demanda moderada e o alto nível de reservas favorecem os importadores, mantendo os preços do combustível em um nível aceitável.

Eletricidade: consumo recorde e modernização das redes

O consumo global de eletricidade em 2025 está se aproximando de novos máximos históricos. O crescimento econômico, a digitalização e a implementação em massa de veículos elétricos estão levando ao aumento da demanda por eletricidade em todas as regiões do mundo. De acordo com estimativas de analistas, a produção total de eletricidade no mundo ultrapassará pela primeira vez 30 mil TWh por ano. A maior contribuição para esse recorde vem das maiores economias: espera-se que os EUA consumam cerca de 4,1 trilhões de kWh (um novo máximo para o país), enquanto a China deverá superar 8,5 trilhões de kWh. O consumo de energia também está aumentando rapidamente em países em desenvolvimento na Ásia, África e Oriente Médio devido à industrialização e ao crescimento populacional. Esse rápido crescimento da demanda traz novas tarefas para a infraestrutura:

  • Pressão nas redes. O aumento do consumo de eletricidade exige uma modernização antecipada do complexo de redes elétricas. Muitos países anunciaram programas de investimento em larga escala para atualizar e expandir as redes e também para construir novas usinas elétricas - para prevenir a escassez de capacidade e interrupções em períodos de picos de carga. Por exemplo, nos EUA, as empresas de energia estão investindo bilhões de dólares na melhoria das redes de distribuição em meio ao aumento da carga devido a data centers e estações de carregamento para veículos elétricos. Projetos semelhantes de fortalecimento das redes de energia estão em andamento na Europa, China e Índia. Ao mesmo tempo, as "redes inteligentes" e sistemas de armazenamento de energia estão se tornando cada vez mais relevantes: fazendas industriais de baterias e usinas de armazenamento hidráulico ajudam a suavizar a carga de pico e integrar a crescente geração irregular de fontes renováveis. Sem a atualização da infraestrutura, os sistemas de energia terão dificuldade em atender com confiabilidade a demanda recorde nas próximas décadas.

No geral, o setor elétrico demonstra resiliência, fornecendo energia à economia mesmo em níveis recordes de consumo. No entanto, para manter a confiabilidade do fornecimento, são necessários investimentos contínuos em redes, geração e inovações. Muitos Estados consideram a energia elétrica como um setor estratégico, investindo em seu desenvolvimento apesar das restrições orçamentárias, pois a estabilidade do fornecimento elétrico depende do funcionamento de todos os outros segmentos da economia.

Energia renovável: boom de investimentos, apoio governamental e novos desafios

O setor de fontes de energia renováveis (FER) em 2025 continua a crescer rapidamente, consolidando a tendência global de transformação "verde" do complexo de energia e combustível. Os investimentos em energia solar e eólica estão batendo recordes: estima-se que, nos primeiros 6 meses de 2025, cerca de $400 bilhões foram investidos em projetos FER no mundo - isso é de 10 a 12% a mais do que no mesmo período do ano anterior. Esses recursos são direcionados principalmente para a construção de novas usinas solares e eólicas, bem como para o desenvolvimento de tecnologias relacionadas - sistemas de armazenamento de energia, plataformas digitais para gestão de redes, etc. A rápida entrada de novas capacidades já está refletindo no balanço energético: a produção de eletricidade limpa está aumentando sem um aumento nas emissões de carbono.

  • Geração recorde e participação das FER. Fontes renováveis ocupam uma participação cada vez mais significativa no balanço energético mundial. Segundo dados atuais, cerca de 30% da produção de eletricidade no planeta é garantida pela energia solar, eólica, hídrica e outras FER. Na União Europeia, esse índice já ultrapassa 45% devido à política climática ativa e ao fechamento de usinas de carvão. A China está se aproximando do limite de 30% de geração a partir de FER, apesar da imensidão de seu sistema energético e da contínua construção de novas usinas de carvão. Pela primeira vez em 2025, o volume global de geração de eletricidade solar e eólica superou a geração a partir do carvão - um marco simbólico importante para a energia global.
  • Apoio governamental e incentivos. Os governos das principais economias estão aumentando o apoio à energia "verde". Na Europa, estão sendo adotados objetivos climáticos mais ambiciosos que exigem a introdução acelerada de capacidades limpas e o desenvolvimento do comércio de cotas de emissões. Nos EUA, continua a implementação de grandes programas de subsídios e incentivos fiscais para FER e setores relacionados (no âmbito do pacote Inflation Reduction Act). Países da CEI também estão intensificando a promoção de FER: a Rússia e o Cazaquistão estão realizando competições para seleção de novos projetos solares e eólicos com apoio do governo, enquanto o Uzbequistão está construindo grandes parques solares nos desertos. Essa política de estímulo visa reduzir os custos do setor e atrair investimentos adicionais, acelerando a transição para a energia limpa.
  • Dificuldades de crescimento. O rápido desenvolvimento de FER também traz desafios. A alta demanda por equipamentos e matérias-primas está levando ao aumento dos custos de componentes: por exemplo, os preços do policloreto de silício para painéis solares e materiais raros para turbinas eólicas permaneceram altos em 2024-2025. Os sistemas energéticos enfrentam a necessidade de integrar geração irregular – novos armazenadores de energia e capacidades manobráveis de reserva são necessários para balancear a rede. Além disso, em vários países, há uma falta de mão de obra qualificada e capacidade da rede elétrica para aceitar a crescente geração de FER. Reguladores e empresas precisam resolver esses problemas para manter altas taxas de transição "verde" sem comprometer a confiabilidade do fornecimento de energia.

A energia renovável já se tornou uma parte essencial da energia mundial, atraindo enormes recursos financeiros. O setor aguarda uma expansão adicional – à medida que os custos das tecnologias diminuem, a participação da energia limpa continuará a crescer, e inovações (como baterias mais eficientes ou projetos de hidrogênio) abrirão novas oportunidades. Para os investidores, as FER permanecem um dos segmentos mais dinâmicos, embora a implementação de projetos deva considerar os riscos de mercado relacionados ao fornecimento de materiais, regulamentação e limitações de infraestrutura.

Mercado de carvão: alta demanda na Ásia e longo prazo de recusa do carvão

O mercado global de carvão em 2025 está demonstrando tendências divergentes. Por um lado, a demanda por carvão permanece alta em países asiáticos – especialmente para geração de eletricidade durante períodos de pico de carga. Neste verão, foi registrado um aumento nas importações de carvão energético na Ásia Oriental: por exemplo, em agosto, A China, Japão e Coréia do Sul aumentaram suas compras em quase 20% em comparação com o mês anterior. Na China, o endurecimento temporário das verificações ecológicas e dos requisitos de segurança levou à redução da extração de carvão em algumas minas, enquanto o consumo industrial de eletricidade cresceu rapidamente. O déficit na geração foi compensado pela China aumentando as importações de carvão, o que impulsionou os preços regionais para cima: os preços do carvão australiano de Newcastle subiram para mais de $110 por tonelada (máximo em 5 meses). Da mesma forma, A Índia e vários outros países em desenvolvimento aumentaram a queima de carvão para apoiar seus sistemas energéticos durante o aumento da demanda no verão. Graças ao carvão, muitos países asiáticos conseguiram evitar apagões e atender ao consumo crescente.

Por outro lado, a perspectiva de longo prazo para o setor de carvão continua negativa. Cada vez mais países estão adotando políticas de abandono do carvão para combater as mudanças climáticas e reduzir as emissões. Na União Europeia, a participação da geração a partir do carvão caiu para menos de 10% (em comparação com aproximadamente 15% há alguns anos), e 11 países da UE pretendem fechar todas as usinas de carvão até 2030, substituindo-as por potências de gás e energia renovável. Nos EUA, as condições de mercado também estão contra o carvão: o gás natural barato e o rápido crescimento das FER continuam a empurrar o carvão para fora da energia, apesar de algumas medidas de apoio à indústria do carvão. Mesmo países que tradicionalmente dependem do carvão estão reduzindo seu uso: por exemplo, a Alemanha, após um aumento temporário na queima de carvão em 2022-2023, novamente reduziu a produção de eletricidade em usinas de carvão em 2025. Os preços do carvão no mercado mundial estão em média significativamente abaixo dos níveis do ano anterior - na primeira metade de 2025, os preços de exportação dos principais centros de carvão caíram de 25 a 30%, refletindo a desaceleração da demanda fora da Ásia.

  • Exportação de carvão russo. Para a Rússia, que está entre os três maiores exportadores de carvão, as tendências globais indicam uma mudança de foco para os mercados orientais. Após o embargo da UE em 2022, as empresas carboníferas russas redirecionaram suas entregas da Europa para a região da Ásia-Pacífico. Agora, mais de 75% das exportações de carvão russo vão para A China, A Índia, A Turquia e outros países da APEC. Essa demanda compensa parcialmente a perda do mercado europeu, no entanto, o comércio a longas distâncias exige concessões significativas dos compradores e aumenta os custos de transporte. No longo prazo, à medida que a transição do carvão nas principais economias do mundo acelera, os mineradores de carvão russos terão que se adaptar - procurar novos compradores, desenvolver um processamento mais profundo do carvão ou se reorientar para as necessidades internas (por exemplo, implementando tecnologias de "carvão limpo" para fornecer energia à crescente infraestrutura digital). Apenas o aumento da eficiência e a flexibilidade em novas condições permitirão que as empresas de carvão da Rússia mantenham a competitividade e os volumes de vendas.

Assim, o setor de carvão está passando por um verdadeiro "banquete do cisne": a demanda de curto prazo por carvão em algumas regiões ainda é alta, mas a tendência de longo prazo está claramente voltada para a diminuição do papel desse combustível. Investidores em carvão enfrentam uma realidade contraditória: por um lado, nos próximos anos, o carvão ainda será demandado na Ásia e poderá ser lucrativo, por outro, o planejamento de novos projetos é dificultado pelos riscos de perda de mercados de vendas entre 2030 e 2040. O foco está nas estratégias das empresas para diversificação e controle de custos, bem como na política governamental que pode aliviar as consequências socioeconômicas da queda na indústria do carvão.

Mercado interno de combustíveis: estabilização após a crise e controle de preços

Na segunda metade de outubro, a situação no mercado interno de combustíveis da Rússia melhorou significativamente em comparação ao crítico setembro. Após interrupções severas na gasolina em várias regiões e um aumento dos preços, as autoridades rapidamente implementaram um conjunto de medidas que começou a trazer resultados. Na maioria das regiões da Rússia, a escassez de combustíveis motorizados foi eliminada: os preços atacadistas de gasolina e diesel recuaram dos valores recordes, e os postos de gasolina independentes reabriram a venda de combustíveis sem restrições. No entanto, o governo continua a acompanhar a situação, especialmente em áreas remotas (Extremo Oriente, algumas regiões da Sibéria), onde o fornecimento ainda não se normalizou completamente. Para evitar uma nova rodada de crise, as seguintes medidas foram adotadas e estendidas:

  • Limitação de exportação. A proibição de exportação de gasolina automotiva, introduzida no final de setembro, permanece em vigor e foi prorrogada até 31 de dezembro de 2025. Da mesma forma, as limitações sobre a exportação de diesel para fornecedores independentes permanecem em vigor até o final do ano. Essas medidas permitem direcionar volumes máximos de produtos refinados para o mercado interno e atender à demanda interna.
  • Apoio às refinarias e amortecedor. Desde 1º de outubro, o governo suspendeu a operação do mecanismo de amortecimento de preços de combustíveis. Isso significa que o estado continuará a pagar compensações às refinarias por seus suprimentos no mercado interno, mesmo que os preços das commodities excedam os valores com limite. Dessa forma, mantém-se o incentivo financeiro para direcionar gasolina e diesel para os postos de gasolina dentro do país. Além disso, estão sendo discutidos estímulos adicionais para aumentar a produção: as autoridades convocaram as refinarias a adiar reparos não urgentes e aumentar a refinação de matérias-primas nos próximos meses.
  • Importação e controle do mercado. Para suprir a escassez em algumas regiões, está sendo discutida a simplificação das importações de combustíveis. Em particular, está sendo considerada a suspensão temporária das tarifas de importação para gasolina e diesel, o que permitirá, se necessário, atrair suprimentos de aliados (por exemplo, das refinarias bielorrussas). Além disso, os órgãos reguladores intensificaram o monitoramento de preços: o Serviço Antimonopólio Federal emitiu advertências a redes de postos de gasolina por aumentos injustificados de preços. O governo procura evitar um congelamento direto administrativo dos preços nas bombas, optando por mecanismos de mercado pontuais – como um amortecedor elevado e subsídios aos fornecedores de combustível em regiões remotas.

Os primeiros resultados desses esforços já são perceptíveis. Em meados de outubro, a produção diária de gasolina e diesel na Rússia se recuperou após a queda do final do verão – isso foi favorecido pela conclusão de reparos não programados em várias refinarias e redirecionamento de volumes exportados para o mercado interno. Nas regiões centrais e sul do país, as bases atacadistas e os postos de gasolina acumularam novamente estoques normais de combustíveis. As autoridades esperam passar pela próxima temporada de inverno sem interrupções severas no abastecimento. No entanto, a situação exige monitoramento constante: o governo está preparado para introduzir novas medidas, se necessário, para evitar a repetição da crise de combustíveis. Em nível sistêmico, a questão da modernização do setor surge - desenvolvendo infraestrutura de armazenamento e entrega de combustíveis, implementando plataformas digitais para a distribuição transparente de recursos, e aumentando a profundidade de refino de petróleo dentro do país. Essas questões foram discutidas nas seções pertinentes do fórum REN-2025, destacando que, para a estabilidade a longo prazo do mercado interno, medidas emergenciais não são suficientes - uma modernização abrangente do setor de combustíveis é necessária.

Previsões e perspectivas: resultados do fórum e riscos do inverno que se aproxima

De forma geral, a indústria de energia global está se aproximando do final de 2025 em um estado de adaptação ativa às novas realidades. A contínua confrontação entre a Rússia e os países ocidentais está reconfigurando o comércio global de recursos energéticos: os fluxos de petróleo e gás estão sendo redistribuídos, e as restrições sancionatórias exigem a busca por rotas e parceiros alternativos. As empresas do complexo de combustível e energia estão se esforçando para reduzir riscos – seja redirecionando as exportações para os mercados asiáticos, desenvolvendo seu próprio processamento de matéria-prima ou fazendo hedge contra a volatilidade de preços. Ao mesmo tempo, a transição energética global ganha força: investimentos recordes em FER e eficiência energética formam uma configuração de longo prazo para o setor, na qual a geração "verde" desempenha um papel cada vez mais significativo.

Superar os próximos meses de inverno será o desafio mais imediato para os mercados de energia. A Europa enfrentará um teste com o frio: conseguirá manter o equilíbrio do gás diante de possíveis anomalias de frio sem retomar as importações da Rússia? Para a Rússia, a verdadeira prova será a estabilidade do abastecimento interno de combustíveis: as medidas implementadas devem evitar um novo aumento na escassez no inverno. Os riscos internacionais também permanecem, desde conflitos geopolíticos (tensões no Oriente Médio e a contínua guerra na Ucrânia) até potenciais emergências como acidentes tecnológicos ou desastres naturais que podem afetar a infraestrutura de energia.

O fórum internacional "Semana de Energia da Rússia 2025", concluído em 17 de outubro sob o lema "Criando a Energia do Futuro Juntos", foi uma importante plataforma para discutir desafios atuais e buscar soluções. Dentro do REN-2025, grande atenção foi dada à garantia do mercado interno de recursos energéticos e à exploração do potencial de exportação da Rússia em novas condições. Nos corredores do fórum, ocorreu um diálogo energético "Rússia - OPEP", bem como inúmeras reuniões com representantes de países da Ásia e África. Como resultado do fórum, mais de uma dezena de acordos de cooperação no setor energético foram assinados, abrangendo projetos em redes elétricas e energias renováveis até programas de substituição de importações para equipamentos de petróleo e gás. Esses acordos e relações de parceria estabelecidas determinarão o tom para as reformas e investimentos futuros no setor. A liderança russa confirmou sua intenção de fortalecer as posições do país nos mercados de energia globais, ao mesmo tempo em que garante um fornecimento confiável de energia para sua economia.

À medida que o novo ano se aproxima, investidores e participantes do mercado de TEP estão olhando para o futuro com um otimismo cauteloso. O setor demonstra uma resiliência surpreendente diante de testes sem precedentes - sejam sanções, reestruturações logísticas ou mudanças tecnológicas. A adaptação continua e 2025 se tornou um tempo de mudanças significativas para a energia. Resta ver o quão bem o setor de energia global enfrentará os meses de inverno e solidificará o equilíbrio de interesses alcançado neste estágio desafiador. Uma coisa é certa: o complexo de combustível e energia globalmente está atingindo um novo nível de interação e inovação, e seus principais atores estão prontos para as mudanças, investindo no futuro e fortalecendo a colaboração na arena internacional.

open oil logo
0
0
Adicionar comentario:
Mensagem
Drag files here
No entries have been found.